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Um autoretrato passado de um futuro inacabado.

           O filtro que permeia a minha vida é cheio de furos, rachaduras e manchas da cor do coador de café. Às vezes penso que ele nunca existiu. Em outras, a presença dele, tão intensa, me faz crer que sempre esteve ali, e eu, acostumado, nunca reparei tanto. É um traço forte. Talvez seja impressão minha, mas no entanto, preferiria que o tempo fosse capturado, espancado e por fim domado.       Não, eu não consigo acreditar nas  leves palavras que ele me sussurra enquanto rouba de mim uma juventude mal aproveitada e que por isso sinto tanto a falta. Mais uma vez, lamento a ausência de percepção minha e como forma de enganá-lo, tento em vão passar noites em claros divagando sobre assuntos nem tão corriqueiro, assuntos que não posso expor sem ser julgado, mal visto e até mesmo compreendido. 
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